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foto: giane portal / fofurasfelinas |
Então vamos começar com o maior medo das gestantes donas dos gatos: Meu gato vai me transmitir toxoplasmose ou não?
Primeiro é necessário conhecer a Toxoplasmose:
A toxoplasmose é uma doença parasitária com alta prevalência que acomete animais de sangue quente e é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Os felinos são hospedeiros definitivos, isto é, neles o parasita completa o seu ciclo e é liberado no ambiente por meio de oocistos resistentes nas fezes. Esses oocistos precisam estar em contato com o oxigênio para poderem se tornar infectantes, o que só acontece de um a cinco dias em que eles estão no ambiente. Durante a fase aguda da doença, formas deste parasita chamadas de taquizoítas estão em replicação no sangue e linfa, causando os sintoma. Quando a imunidade do hospedeiro atenua a replicação taquizoíta, esses parasitas podem então tomar a forma bradizoíta, que possui replicação lenta, e se instalam em tecidos extra-intestinais (sistema nervoso central, músculos e órgãos viscerais), podendo persistir por toda a vida do hospedeiro.
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foto: giane portal / fofurasfelinas |
Modo de transmissão:
A infecção pode ser dar a partir da ingestão de qualquer uma das formas do parasita e por via transplacentária. Como os gatos habitualmente não têm o comportamento coprofágico (alimentar-se de fezes) estes geralmente se infectam com a ingestão de uma presa infectada (ou a carne crua ou mal passada infectada).
Acredita-se que 30 a 40 % de gatos e pessoas nos Estados Unidos estão possuem anticorpos contra a toxoplasmose, isto é, em algum momento em suas vidas eles entraram em contato com a doença e possivelmente estão infectados. Já no Brasil essa prevalência pode passar de 70%.
Aspectos de zoonose:
A toxoplasmose é uma zoonose importante tanto pela alta prevalência quanto pelas conseqüências. Os acometimentos mais sérios ocorrem em pessoas com baixa imunidade, por exemplo: as portadoras de HIV, as que passam por quimioterapia, as transplantadas, as crianças e os idosos. Quando ocorre a infecção em mulheres gestantes, o feto pode apresentar a doença com manifestações neurológicas, oculares, e até virem a nascer mortos. As pessoas imunocompetentes não gestantes geralmente são assintomáticas. Aproximadamente 10-20% acometidas das pessoas podem apresentar linfadenopatia (inflamação dos linfonodos), febre, dor de garganta, dores musculares, mal estar. Os sintomas geralmente se resolvem sem tratamento. Aqueles mais severos como inflamações nos músculos, pneumonia, sinais neurológicos são possíveis, porém raros. A toxoplasmose ocular com uveíte, geralmente unilateral, pode ser vista em adolescentes. Essa síndrome está freqüentemente associada a uma infecção assintomática congênita (durante a gestação) ou como resultado de uma infecção ocorrida logo após o nascimento.
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foto: giane portal / fofurasfelinas |
Para prevenir essa infecção a pessoa deve:
- Evitar o consumo de carne mal passada ou crua, esta deve se cozida a uma temperatura de 63 a 71°C. Os utensílios da cozinha devem ser lavados com água quente e sabão após o trato de carnes cruas.
- Lavar bem as verduras e frutas antes de comer. Os gatos têm o hábito de enterrar suas fezes e o cisto pode viver muito tempo no ambiente. Se há gatos vivendo na área da horta, essa contaminação pode acontecer.
- As fezes dos gatos devem ser manuseadas com muito cuidado, lembrando de utilizar o material necessário para se evitar a contaminação como pá e luvas. As mãos devem ser lavadas sempre que a caixa de areia for limpa ou que se fizer qualquer serviço de jardinagem. Como os oocistos levam ao menos 24 horas para se tornarem infectantes, as caixas de areia devem ser limpas diariamente.
- Uma das formas de prevenção mais importantes é a alimentação de gatos apenas com comidas comerciais e para aos adeptos à alimentação natural, com carnes preparadas na temperatura de 63 a 71°C.
Seguem algumas verdades do papel do gato na toxoplasmose:
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foto: giane portal / fofurasfelinas |
Gatos geralmente eliminam o oocisto por dias a algumas semanas após a infecção primária, e não por toda a vida. O fato de ser hospedeiro definitivo não implica na contaminação constante do ambiente, mas sim que ele é o único a fazer essa contaminação quando estiver na fase aguda da doença, quando se reinfestar ou quando, devido à baixa de imunidade, ocorrer a ativação das formas “dormentes”.
Gatos são muito asseados e geralmente não permitem que fiquem fezes no seu pelo (um estudo demonstrou que nenhum oocisto foi isolado do pelo de gatos que há sete dias eliminavam milhões de oocistos pelas fezes).
Portanto, amigos gateiros, para não contrair a doença a pessoa deve entender sobre ela e perceber que os riscos vão muito além do simples convívio com o hospedeiro definitivo.
Alice Ribeiro
diarioveterinaria.blogspot.com
www.formspring.me/alicevet
twitter: @alicevet
Literatura Consultada:
Toxoplasmosis – information sheet of The Center of Food Security and Public Health – Iowa State University
Lappin, M.. Feline Toxoplasmosis - Latin America Veterinary Conference, 2012