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Gatos brincando com linhas | Dia de Veterinária

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Corpo estranho linear


Todas as vezes que passamos 3 minutos com filhotes de gatos, nos pegamos brincando com os dedos, fios, novelos, e tudo mais que pode ser uma “presa” em potencial para o pequeno felino. Os filhotes de gatos são simplesmente fissurados em fios, eles se preparam, esperam seu alvo parar de se mover e atacam.

foto: giane portal / fofurasfelinas

Acontece que filhote de gato, como filhote de qualquer outra espécie, coloca tudo na boca e, acidentalmente, pode ingerir os brinquedos. Os brinquedos que os gatos ingerem com maior frequência são os lineares (linhas, fios, fio dental, agulhas), o que se dá o nome de CORPO ESTRANHO LINEAR. Os gatos raramente ingerem outros corpos estranhos pela seletividade dos alimentos inerente à espécie.

Apesar do exemplo citado ser em filhotes, essa patologia pode ocorrer em gatos de qualquer idade e não há predisposição racial ou de sexo, isso quer dizer, seja raça pura ou mestiça, macho ou fêmea, nenhum gato resiste a um fio se mexendo.

Quando o gato acaba engolindo o fio, este pode se fixar no caminho e causar uma obstrução no trato gastrintestinal (TGI). O corpo estranho pode estar obstruindo desde a cavidade oral até a porção final do intestino. Os sintomas mais comuns são falta de apetite, dificuldade de deglutição, vômito, regurgitação, inquietação e apatia.

foto: giane portal / fofurasfelinas
Na consulta é importante dar todas as informações importantes como o histórico alimentar, de vermifugação, de outras doenças, dos hábitos de brincadeira e dos materiais disponíveis pela casa que o animal teria acesso, a evolução da doença atual, quando começou, como começou, quais eram os sintomas, etc. O veterinário vai examinar o animal minuciosamente, avaliando a cavidade oral (um local muito comum de fixação do corpo estranho), fará a palpação e, muitas vezes, terá que lançar mão de exames de imagem, que incluem ultrassonografia, radiografia simples e/ou contrastada e endoscopia.

Corpos estranhos lineares em gatos são considerados emergências gastrintestinais, pois além da obstrução também haverá inflamação local, supercrescimento bacteriano na porção anterior à obstrução e há a possibilidade de perfuração do TGI com inflamação da cavidade abdominal.

Quando o corpo estranho ficou preso na base da língua, o clínico pode optar por cortar e fazer o acompanhamento clínico e de exames de imagem da saída deste corpo estranho, entretanto essa conduta é perigosa. Não se deve tentar puxar a extremidade livre na boca ou no ânus para não lesionar o TGI.

A intervenção cirúrgica se faz necessária em 90% dos casos, sendo realizada no esôfago, estômago ou intestino, a depender da localização do corpo estranho. A depender da gravidade das lesões pode ser necessária a realização de mais de uma cirurgia.  Os cuidados pós-operatórios vão envolver uso de antibiótico, dieta especial, suplementação, repouso e muitos agradecimentos a São Francisco de Assis pela recuperação do gatinho (ou outro santo que o seu gato seja devoto).

Portanto gente, não adianta, os gatos sempre serão como são, cabe a nós levarmos ao veterinário ao primeiro sinal de doença, contar toda a história necessária e optar por comprar brinquedos próprios para gatos, e seguros.

Até mais pessoal!


Alice Ribeiro
diarioveterinaria.blogspot.com
www.formspring.me/alicevet
twitter: @alicevet

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